quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Uma Doce Espiã - LYNN BARTLETT




Romance Contemporâneo



Resenha


     Gente, esta autora é o máximo! Pena que é tão difícil de encontrar livros dela no mercado. Eu já li dois e estou tentando conseguir mais um.
     Brena é uma mulher simples e sem grandes ambições. Vive uma vida rotineira e sem expectativas de mudança. Pra ela o dia a dia não precisa de grandes momentos, apenas de paz e tranquilidade.


Apesar de sentir falta de um amor, ela não esperava encontrá-lo em meio a maior confusão em que poderia se meter. Ela jamais poderia imaginar que sendo suspeita de espionagem industrial, o homem a quem deveria ter medo, por considerá-la a principal suspeita, seria quem a protegeria e tomaria seu coração como premio.
     Mitch um ex agente especial, não abre mão de cuidar do caso envolvendo um criminoso a quem deseja acertar as contas a muito tempo. Cercado de ódio ele se envolve no caso sim, mas não da maneira como gostaria. E sim, desesperado por salvar a vida da bela mulher, a quem considera a principal suspeita. Sem saber mais o que fazer para se manter longe dela, ele se perde entre o dever e a vontade de ter Brenna para sempre. Será que ele conseguirá se manter distante dela? Será que ela conseguirá dobrar o coração duro desse homem?
     Uma história envolvente, cheia de aventura e momentos de intensa sensualidade. Eu recomendo...


Sinopse


O amor por um homem proibido faz Brenna viver perigosamente para conquistá-lo.

Nos braços de Mitch, Brenna experimenta uma paixão avassaladora. As mãos sensuais percorrem o corpo másculo, lábios sedentos do ardente beijo procurando o prazer da boca possessiva. Num átimo de consciência, se pergunta o que está fazendo ali, nua, com um homem quase desconhecido, que a considera suspeita de espionagem industrial. Brenna sabe que precisa afastar-se desse perfume, desse toque suave, da sensação de delírio que Mitch lhe causa, pois ele não quer um amor para sempre. Mas o desejo é incontrolável, e ela se entrega loucamente, sem buscar respostas para os mistérios que a rodeiam!



                                                           
                                                           CAPÍTULO I

O velho e gracioso castelo sobre o morro, cercado pela floresta, ficava a uma hora de distância de Paris, indo de carro. Horas antes, ao anoitecer os sensores elétricos ins­talados por toda a propriedade tinham ativado a ilumina­ção externa e ela brilhava na noite.
Dentro dele, um homem solitário estava sentado em uma confortável poltrona de couro, com os pés apoiados numa almofada. Ele segurava na mão esquerda um copo de uís­que e na direita um cigarro sem filtro. Ouvia os últimos acor­des da Nona Sinfonia de Beethoven e, de vez em quando, erguia o copo ou o cigarro até os lábios, sem abrir os olhos.
A sinfonia terminou e a seguir ouvia-se os acordes de uma peça de Scarlatti para harpa quando o telefone tocou. Ele abriu os olhos verdes e fixou com raiva o aparelho sobre o bar. Na quinta chamada, suspirou e foi atender. O tele­fone não constava da lista e poucas pessoas tinham aquele número, porque Mitch Carlisle era um homem muito cau­teloso.
— Alô?
— Oi, mestre — a voz do homem soou clara, apesar de ser uma chamada internacional. — Tem um minuto?
— Para você, tenho sempre.
— Lembra-se daquele ícone russo que você queria com­prar há anos? — A voz parecia um pouco forçada.
— Lembro. — Ele apertou o telefone com mais força ao ouvir o nome-código da pessoa que odiava.
— Estão dizendo que ele vai a leilão na semana que vem, sabe?
— Onde?
— Aqui mesmo, mestre. Preciso organizar um seminário sobre o ícone para os membros de uma conhecida in­vestidora internacional e preciso de sua ajuda. Não gosta­ria de ser meu assessor?
— Você sabe que eu gostaria de adquirir esse ícone para minha coleção particular — ele falou, cauteloso.
— Eu compreendo — o outro respondeu depois de uma pausa. — Mas existem certas condições e você precisa con­cordar antes de assinarmos o contrato. — Limpou a gar­ganta. — Mas o que importa é que pode fazer o seu lance pessoal pelo ícone.
— Não é um contrato muito atraente.
— Concordo, mas tenho instruções para lhe dizer que essa condição só existe durante o contrato. Não fica mais interessante?
— Muito! — Mitch sorriu.
— Eu esperava que concordasse, mesmo. — O outro pa­receu aliviado. — Uma passagem aérea já está reservada em seu vôo habitual, basta confirmar em Orly e fazer a mala. Vou encontrá-lo amanhã no aeroporto. Obrigado, mestre.
Mitch desligou, lutando para controlar o ódio que quei­mava nas veias. Despejou o resto da bebida no bar e lavou o copo cuidadosamente, usando a atividade mecânica para se acalmar. Guardou-o junto com os outros e discou para o Aeroporto de Orly. Depois de confirmar a reserva para o vôo das três horas da manhã, ligou um outro número e atendeu uma sonolenta voz feminina.
— Vou deixar o país por algum tempo, Maureen — avi­sou logo à funcionária. — Sabe como me mandar uma men­sagem se aparecer alguma coisa urgente. Vou ativar os alarmes eletrônicos quando sair.
— Está bem, bon voyage.
Mitch desligou sem responder e saiu da biblioteca, atra­vessando rapidamente o hall espaçoso e subindo a escada curva para o segundo andar. A casa sofrera uma reforma e todos os quartos tinham banheiros privativos. Os seis à esquerda da escada eram usados exclusivamente pelas pes­soas que contratavam Mitch e sua equipe. Os seis à direita eram para uso de seu pessoal quando estavam na cidade.
Mitch observou as duas alas sem se preocupar com as câmeras montadas no teto, desligadas naquele momento. As telas instaladas no porão mostravam tudo o que acontecia pela casa quando elas estavam ligadas.
Naquela noite, o silêncio estava mais opressivo, apesar de estar acostumado a morar sozinho. Mas a solidão era maior quando uma missão terminava e seus assistentes vol­tavam para suas casas. Aos quarenta e um anos de idade, Mitch considerava seu empreendimento um sucesso, tendo iniciado a atividade cinco anos antes. Infelizmente, esse su­cesso era um reflexo dos tempos, Ele passara a ser um con­sultor de segurança e, graças à crescente insegurança geral, tinha bom lucro e podia oferecer ótimos salários aos auxiliares. Sua equipe merecia ganhar bem, já que servia de anteparo entre os clientes e o perigo.
Mitch entrou no último quarto do corredor, onde tam­bém havia uma câmera desligada no teto. Pegou uma mala no guarda-roupa antigo e arrumou-a em menos de dez minutos.
Depois de voltar ao andar térreo, abriu um armário ao lado da porta principal e em seguida o fundo falso, surgin­do um grande painel de pequenas luzes e um dispositivo com números. Depois de apertar os números do código, acio­nou os comutadores de todas as lâmpadas vermelhas. Elas começaram a piscar. Se alguém tentasse entrar, o sistema de segurança faria muito barulho e acionaria o alarme na delegacia local, mas nenhum dano físico seria causado ao intruso. Uma lâmpada ficou sem acender porque seria acio­nada quando ele trancasse a porta de entrada principal. Mitch chegou à grande garagem que tinha sido uma cavalariça e entrou em um Mercedes cinza, largando a mala no banco de trás. Sorriu ao dar a partida porque sentia pra­zer em dirigir aquele carro à prova de balas.
Depois de sair e fechar a garagem por controle remoto, parou no portão, desceu do carro e localizou uma pequena caixa de metal entre as árvores. Apertou outro botão e vol­tou ao carro. O pequeno aparelho desativara as cargas de explosivos espalhadas pela floresta. Como o castelo ficaria vazio, ele não queria que um pobre-coitado se perdesse en­tre as árvores e acabasse estourando sem motivo.
Mitch guardou o carro numa garagem particular que man­tinha em Paris e pegou um táxi até o Aeroporto de Orly. Entrou no saguão à meia-noite, mas não foi até o balcão da companhia aérea, preferindo sentar-se em um bar. To­mou tranqüilamente três doses de bebida até as duas da ma­nhã, pagou a conta e deixou uma boa gorjeta. Só então foi até o balcão retirar a passagem. A funcionária olhou-o reprovadoramente e reclamou que ele devia ter chegado pelo menos com uma hora e meia de antecedência para uma via­gem internacional.
Sem dizer nada, ele embarcou a bagagem e foi esperar no portão de embarque. Era sempre precavido e fazia o que aconselhava aos clientes: evitar aparecer muito em público antes de tomar o avião.
Um dos prazeres do vôo naquele horário era o silêncio, já que poucas pessoas tinham ânimo para conversar. Quan­do o avião atingiu a altitude de percurso, o homem ao lado estava dormindo e ele fechou os olhos, pensando no nome-código.
Ícone era Aleksandr Fedoryshyn, um conhecido agente da KGB. Seu último encontro com ele tinha acontecido seis anos antes, em um parque tranqüilo de Viena, quando seu parceiro tinha morrido. Mitch recebera uma bala no estô­mago também.

Alguém estendeu um cobertor para agasalhá-lo e ele abriu os olhos verdes.
— Pensei que talvez estivesse com frio. — A aeromoça sorria provocadoramente ao homem alto e bonito que atraíra sua atenção no embarque.
Como a travessia do Atlântico era tranqüila naquele ho­rário, daria para conversar e dar-lhe seu endereço, ela pen­sou, acabando de cobri-lo.
— Eu não pretendia acordá-lo — mentiu.
— Você não me acordou. — Ele olhou-a friamente. — Mas já que está aqui, traga-me uma garrafa de água mineral.
O sorriso sumiu e a moça virou-se rapidamente para aten­der outro passageiro. Quando ela voltou com a água, Mitch agradeceu com um gesto de cabeça e tirou três comprimi­dos de aspirina de um vidrinho. Tomou-os de um só gole porque andava tendo muitas dores de cabeça. Maureen, sua auxiliar e ex-amante, vivia insistindo que ele devia procu­rar um médico. Não procurava, naturalmente. Confiava tan­to nos médicos quanto na Agência Nacional de Inteligência, mais conhecia como CIA.
Quando o avião se afastou da costa francesa, ele voltou a pensar em Fedoryshyn. Seis anos antes o russo estava tra­balhando no setor de contra-espionagem da KGB e Mitch a serviço da CIA, em Viena. Sua missão era simples: seguir Fedoryshyn e descobrir quais organizações internacionais envolvidas com a KGB. Ele e seu parceiro, Jim Groves, ti­nham chegado à conclusão de que o envolvimento era da própria CIA.
Jim tinha um informante de confiança na delegação so­viética de Viena, que forneceria as provas necessárias para eles contarem as suspeitas ao chefe. Como havia urgência, Jim marcou um encontro com esse informante e foram ao parque esperá-lo. O rapaz parecia em perfeita segurança co­mo agente duplo.
Ficaram no parque mais de uma hora e Jim sentou-se em um banco. Mitch parou em uma sombra, à beira do lago, e voltou-se para observar o colega. O informante chegou e logo atrás Fedoryshyn. Sem saber, o outro trouxe o as­sassino até seu oficial de controle da CIA. Fedoryshyn ma­tou calmamente os dois homens e pegou um grosso envelope do bolso do soviético morto enquanto Mitch se preparava para atirar nele. O russo revidou o tiro e a chegada repenti­na de um bando de estudantes não permitiu que ele termi­nasse o serviço. Mitch foi retirado de Viena pela CIA e passou o período de convalescença planejando a morte de Fedoryshyn.
Quando ele reassumiu o trabalho, o russo tinha sido trans­ferido para Moscou e não saíra mais das fronteiras da União Soviética. Mitch apagou o cigarro e reclinou o banco. Provavelmente a CIA o chamava porque era o único agente que conhecia Fedoryshyn pessoalmente e continuava vivo para contar. Estava disposta a pagar bem por tudo o que sabia sobre o russo, contanto que ele o deixasse em paz enquan­to trabalhasse como consultor sobre o assunto. Mas quan­do o contrato estivesse terminado, Mitch poderia fazer o que quisesse. Ele sorriu ao pensar nisso.
Mitch Carlisle acreditava na justiça da Bíblia: olho por olho. Cuidaria de Fedoryshyn a sua moda, no tempo certo.

Greg Talbott esperava pacientemente a chegada de Mitch junto ao portão de desembarque. Estava vestindo uma ca­misa esporte, jeans e jaqueta e mais parecia um escoteiro, com seu rosto de garoto sorridente, do que um agente da CIA. Dava a impressão de um rapaz simples, esperando um amigo ou parente; era treinado a se misturar com as pes­soas e ninguém o olharia duas vezes. Como muitos cole­gas, fora treinado por Mitch Carlisle em várias outras técnicas muito valiosas.
A CIA não aprovava tanta proximidade com Mitch Car­lisle, que passara a trabalhar por conta própria e ganhara fama como antiterrorista na Europa. Mas ele nada teria a ver com a própria CIA, estava sendo apenas leal com os amigos, como Greg, o homem que ajudara a treinar.
Mitch chegou e Greg o recebeu com um sorriso e um abraço,
— Bem-vindo ao lar, mestre. Como foi a viagem?
— Foi boa... — Mitch ergueu uma sobrancelha.
— Como é bom vê-lo de novo — Greg riu de satisfação. Mitch também sorriu, porque era muito difícil resistir ao encanto de Greg.
— Vamos pegar a mala e quero ver se você tem influên­cia com o pessoal da alfândega.
— Vou precisar de influência? — Greg pareceu preo­cupado.
— Calma, garoto — Mitch tornou a sorrir. — Não há nada de especial em minha mala.
Meia hora depois estavam no carro de Greg, a caminho de Washington. Mitch acendeu um cigarro e observou o trá­fego da capital.
— Muito bem, conte-me de que se trata.
— Precisamos acertar algumas coisinhas, depois expli­co  disse Greg, com a atenção na estrada. — Primeiro, fui eu quem sugeriu seu nome nesse caso. O diretor só con­cordou porque o convenci de que você ajudaria mais em carne e osso do que se todos apenas lessem seus relatórios sobre Fedoryshyn.
— O que está querendo? Uma porcentagem no meu sa­lário? — brincou Mitch. — Olhe, garoto, estou muito grato...
— Não estou querendo sua gratidão — Greg respondeu logo. — Como sou o oficial de ligação entre o FBI e a CIA, se Fedoryshyn desaparecer misteriosamente ou surgir mor­to em um beco, vão culpar a mim. Quero sua palavra de que não vai tocar no russo enquanto ele estiver nos Esta­dos Unidos.
— Já concordei com isso no telefone.
— E eu sei como você deseja agarrá-lo. Espero que re­sista ao seu ódio e não traia um amigo.
— Está bem, garanto. Não vou tocá-lo nos Estados Uni­dos. Só o pegarei quando não atrapalhar você ou o FBI. Está bem?
— Muito bem. Segundo: o FBI não sabe que você é um consultor contratado. Eles pensam que ainda é um agente da CIA e devem continuar com essa idéia. Concorda?
— Concordo.
— Por último, não afaste o FBI do caso.
— Ora, por que eu faria uma coisa dessas? — Mitch divertia-se com a pergunta de Greg.
— O agente do FBI com quem trabalho gosta de seguir as regras e fazer tudo certinho. Mas é um bom sujeito e mui­to esforçado.
— E daí?
— Eu já vi você acabar com alguns tipos na base da con­versa e não seria nada bom. Todas as informações que con­seguimos até agora foram dadas pelo FBI. Não mate a galinha dos ovos de ouro, está bem?
— Vou cuidar do rapaz com luvas de pelica, quero co­operar com vocês.
— Está vendo qual é o problema? Eu não quero que vo­cê cuide dele. Basta cooperar.
— As palavras são diferentes, mas os resultados são os mesmos — Mitch riu.
— É isso o que me preocupa — respondeu Greg, quan­do o carro entrou na sede da CIA. - Você não leva aquele pessoal a sério.
— Fique tranqüilo.
— Promete que vai tratar o homem do FBI com toda a consideração?
— Eu já disse, não se preocupe.

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